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Desembargador preso pela PF recebe salário de mais de R$ 125 mil da Justiça Federal
16/12/2025
(Foto: Reprodução) Desembargador federal é preso pela PF
O desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, preso na manhã desta terça-feira (16) na 2ª fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de informações da Operação Zargun, recebeu mais de R$ 125 mil como salário de novembro, de acordo com o Portal da Transparência da Justiça Federal.
Segundo as informações, Macário teve como remuneração mensal de novembro deste ano o valor de R$ 90.187,61 mais gratificações e indenizações que, somadas, ultrapassam R$ 35 mil.
Policiais prenderam Macário em casa, na Barra da Tijuca, na Zona Sudoeste do Rio de Janeiro. O g1 apurou que Macário foi o magistrado que, em setembro, expediu o mandado de prisão do então deputado TH Joias na Operação Zargun.
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Desembargador recebeu mais de R$ 125 mil como salário de novembro deste ano
Reprodução/ Portal da Transparência da Justiça Federal
De acordo com o blog do jornalista Octavio Guedes, a Polícia Federal tem indícios de que o desembargador ajudou a vazar a ação contra TH. Uma fonte da PF ouvida pelo blog diz que Macário estava em um restaurante com o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), quando esse ligou para TH Joias para avisá-lo da operação.
O blog da jornalista Camila Bomfim afirma que esta não é a primeira vez que o jurista entra na mira da Justiça por irregularidades no exercício do cargo. Ele ficou quase 18 anos afastado por decisão do próprio tribunal.
Em novembro de 2005, o Superior Tribunal de Justiça abriu um processo criminal contra ele para apurar participação em um esquema de fraudes em sentenças judiciais. Ele foi afastado das funções na época.
Pouco mais de 10 anos depois, o plenário do TRF-2 decretou a aposentadoria compulsória de Macário, acusado de envolvimento na máfia dos caça-níqueis o Espírito Santo. A decisão, no entanto, acabou revogada pelo CNJ.
🔎A aposentadoria compulsória é a mais grave das cinco penas disciplinares aplicáveis a juízes vitalícios. Afastado do cargo, o condenado segue com provento ajustado ao tempo de serviço.
Qualquer punição só pode ser aplicada a um magistrado por falha disciplinar caso a maioria absoluta do tribunal decida assim.
Como o TRF-2 tem 27 desembargadores e 26 estavam presentes à sessão, para aposentar Macário Júdice exigia-se o voto de pelo menos 14 magistrados. No entanto, apenas 10 votaram pela punição máxima e 8, contra.
O que também impediu o quórum mínimo foi o fato de 9 desembargadores se declararem suspeitos e, portanto, impossibilitados de julgar o caso.
O advogado Fernando Augusto Fernandes, responsável pela defesa do desembargador, afirmou que “o ministro Alexandre de Moraes foi induzido a erro ao determinar a medida extrema da prisão”.
Segundo Fernandes, a defesa ainda não teve acesso à cópia da decisão que decretou a prisão de Macário, o que, segundo ele, “impede o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa”.
O comunicado conclui informando que a defesa apresentará os esclarecimentos nos autos e solicitará a imediata soltura do desembargador.
Desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto
Divulgação